Greve das professoras e professores do Recife termina sem reajuste do piso e expõe a face autoritária de João Campos (PSB)
- Gabriel Augusto
- 26 de mai.
- 2 min de leitura
O movimento de professoras e professores do Recife, sob a liderança do sindicato dos profissionais de educação da cidade (Simpere), encerrou sua campanha salarial no último dia 22. Após quase duas semanas de paralisação (greve e assembleias permanentes), o acordo firmado não chegou ao percentual de 6.27% na carreira, que era a reivindicação da Categoria. O que conseguimos foi 3% no salário + 3.27% em abono, que é pago só neste ano e não será incorporado ao salário-base.
João Campos impôs uma derrota utilizando ameaças à categoria (corte do ponto) e a judicialização da greve. A justiça atuou descaradamente em favor do governo, tornando a greve ilegal em decisão que saiu minutos depois da petição inicial da prefeitura e sem ouvir a contraparte, o sindicato. O movimento das professoras e professores do Recife revelou a farsa do prefeito do Recife enquanto um líder da "Nova Esquerda".
As práticas antidemocráticas que marcam todos os governos reacionários foram utilizadas. Uma postura incompatível com o sentido mais profundo do que é esquerda: uma opção de classe em favor dos trabalhadores. João Campos revelou justamente o contrário, que governa para as elites e para o grande Capital, para quem anunciou esta semana isenções fiscais.
Durante as negociações, a direção do sindicato (CUT/CTB) cumpriu um papel de apassivamento das lutas. Desde a defesa da suspensão da greve, até a proposição de negociar valores abaixo do piso apresentada em duas assembleias (rejeitada pela base na primeira e aprovada de forma intempestiva na segunda), a condução tornou as condições de luta mais adversas no decorrer do tempo, até que a prefeitura realizou seu ultimato.
Esta derrota foi atenuada pela força da luta. Professoras e professores relatam que essa foi uma das greves de maior força e adesão da história da Rede Municipal do Recife. Poderíamos ir mais longe. A força da mobilização elevou a proposta em termos salariais e em gratificações/benefícios, mas o quadro geral é de derrota, uma vez que o reajuste sequer recompõe a inflação de 2024 e é menor que a previsão da inflação em 2025. O rebaixamento salarial se concretizou.
As lições da greve precisam ser tiradas. Isso demandará tempo para um balanço mais qualificado. Contudo, é possível observar na base da categoria uma insatisfação crescente com a postura da direção sindical, que bradou vitória nas redes sociais e vem sendo desmascarada pela categoria que entende que perder o reajuste do piso é uma derrota inequívoca. A defasagem no cumprimento do piso no governo João Campos ultrapassa os 16%. Para avançar nas lutas e conquistas, será necessário superar a política do governo do PSB e também a direção sindical hegemonizada por PT e PCdoB, ambos partidos que integram a administração municipal.
Comments