O Orgulho Não Mora em Israel: Ele Grita nas Ruas de Gaza e clama pela conexão das lutas
- Bruno Nascimento e Helena Martins
- 28 de jun.
- 3 min de leitura
Neste dia do orgulho LGBT+, em um contexto de crise, genocídio e ataques aos nossos direitos, é fundamental conectar as lutas!
O pink money foi, por anos, projetado pelo Vale do Silício, que hoje se alinha à extrema direita e ataca políticas afirmativas.
A perseguição a pessoas LGBT+ tem se intensificado notavelmente, como exemplificado pela política fascista de Trump (e Musk) nos EUA, revogando garantias duramente conquistadas e perseguindo pessoas trans. Da mesma forma, no Reino Unido a Suprema Corte decidiu que a definição legal de "mulher" na legislação de igualdade se restringe ao sexo biológico, excluindo, assim, mulheres trans. Sob os aplausos e financiamento da-bilionária-que-não-deve-ser-nomeada.
Este tem sido, com certeza, o mês do orgulho mais capenga dos últimos anos. Há muito pouco o que celebrar, muita perseguição contra nosso povo e muita luta a ser travada.
Em meio a este cenário, há um genocídio em Gaza. Dia após dia, vidas palestinas são ceifadas pela colônia européia e posto avançado do imperialismo no Oriente Médio, autoproclamado Estado de Israel.
Entre as diversas propagandas sionistas de naturalização de sua invasão e genocídio, Israel busca apresentar-se como a nação civilizada em meio “aos povos bárbaros".
Israel também busca se apresentar como o único país “LGBT+ Friendly” da região. Diz garantir e respeitar a diversidade em contraste à suposta barbaridade dos demais países. A propaganda sionista esconde as complexidades e particularidades dos países do Oriente Médio. A exemplo do Irã, recentemente bombardeado por Israel e EUA, em que a homossexualidade é perseguida, mas há, também, política pública de acesso a cirurgias de reafirmação de gênero.
Contradição que não afasta as problemáticas, mas revela a farsa da propaganda sionista e orientalista, usada sempre para sua expansão imperialista.
O sionismo que se diz oásis da diversidade exterminou, até agora, pelo menos 55 mil pessoas.
Não há qualquer orgulho no Estado genocida de Israel. Deve gerar repulsa a bandeira arco-íris estendida na frente de tanques e máquinas fascistas de guerra. Não há arco-iris que cubra os rios de sangue palestino derramado.
É preciso que, nós, LGBT+, reflitamos sobre o que nos trouxe a este ponto. Que ônibus errado pegamos que nos distanciou das trans pretas como Marsha P. Johnson afrontando a polícia dos EUA. Para vermos a ascensão das gays que tem o direito de se casar e exterminar povos oprimidos e das bombas com bandeira colorida.
Vemos pessoas LGBT+, “influencers” viajando à Israel em meio a um genocídio, porque o sionismo “promove diversidade”. Falta educação libertadora para enfrentar a tentativa de captura das lutas pelo capital e sua representatividade vazia.
Que este 28 de junho sirva não como festa esvaziada, mas como retomada do levante. Que nos reencontremos com o caráter histórico e revolucionário da luta LGBT+, forjada nas esquinas, nas celas, nos guetos e nas barricadas. Que do orgulho renasça a fúria — a mesma que atirou tijolos em Stonewall, que gritou por dignidade para as travestis negras expulsas das escolas, e que hoje ecoa na dor das mães palestinas enterrando seus filhes sob os escombros. Que cada bandeira colorida que hastearmos esteja cravada de sentido e solidariedade, nunca cúmplice da opressão, mas sempre rebelde contra ela. Por Marsha, por Dandara, por todas que ancestralizaram e pelas que resistem: Palestina livre do rio ao mar! Orgulho é luta, orgulho é povo, orgulho é nosso grito contra o massacre!
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