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Os desafios da juventude brasileira e mundial: a saída é ecossocialista

Atualizado: 8 de abr.

Ecossocialismo para um futuro possível


A juventude brasileira hoje vive uma etapa crucial da história da humanidade. Isso porque apesar de já soar repetitivo, temos a obrigação de dizer: a crise do capitalismo se agrava e se configura, modula, enquanto vivemos uma grave crise ecológica que já ameaça a continuidade da vida humana no Planeta Terra, com os riscos atrelados a isso crescendo constantemente. No ano de 2024, a temperatura média do planeta superou o aumento de 1,5Cº comparada aos níveis pré-industriais. Os efeitos disso são sentidos no dia-a-dia das pessoas e atingem, prioritariamente, as populações pobres, não-brancas, as mulheres e pessoas  LGBTIA+. Cada vez mais se torna impossível de protelar a necessidade de organização da juventude brasileira e mundial para construção de uma possibilidade de futuro.


O Acordo de Paris, firmado em 2015, apresenta caminhos inócuos para solucionar a questão. A prova disso se dá na materialidade: se suas metas fossem cumpridas, o planeta aqueceria 1,5Cº até 2100, o que já representaria o cenário de graves transformações que já estamos vivendo – ou seja, trata-se da normalização do pesadelo presente enquanto uma vitória. Mas o mais catastrófico é que em nenhum momento chegamos perto de implementar as medidas de mitigação para alcançar os marcos desse Acordo. Ou seja, o cenário estabelecido pelo capitalismo é o de piora.


A crítica aos acordos de mitigação e sustentabilidade patrocinados pelo capitalismo são uma tônica de nossa tradição ecossocialista, que ergue este baluarte praticamente sozinha. Temos denunciado com veemência nos últimos anos o cinismo das estratégias de ESG adotadas pelas grandes companhias e as armadilhas de greenwashing. Mas um cenário ainda pior tem se apresentado na conjuntura que vivenciamos: o abandono até mesmo desses engodos do capitalismo verde,  em nome do avanço da barbárie.


Dig, baby, dig. Esse foi um dos slogans de campanha de Donald Trump, fascista que retornou à Casa Branca este ano, após vencer o pleito de 2024. Era dedutível a perseguição contra mulheres, imigrantes, pessoas negras e LGBTIA+, como está sendo o caso da prisão e ameaça de deportação do jovem Mahmoud Khalil, um ativista refugiado palestino, aluno da Universidade de Columbia. Entretanto, é importante se atentar que os planos de Trump vão além. Ele também quer  cavar  mais petróleo, em uma campanha abertamente antiambientalista de acesso a novas fontes de combustíveis fósseis a fim de potencializar a economia estadunidense. Cumprindo sua promessa de campanha, Trump retirou os Estados Unidos (novamente) do Acordo de Paris, o que reforça seu absoluto compromisso com os rumos de destruição global do Planeta Terra. Outras lideranças fascistas, como o argentino Javier Milei, anunciam acompanhar Trump nesta política. Para nós, que vivemos o bolsonarismo, as lembranças sombrias retornam: mais que as contradições antiambientais próprias dos que acham possível administrar socialmente o capital, essas figuras possuem uma pulsão de morte e um sadismo singulares, almejando a destruição planetária como um objetivo.


Apesar de não duvidarmos da perversidade destas lideranças, não podemos nos ater apenas a explicações de ordem moral, ignorando o que há de material por trás de suas posturas. Donald Trump protagoniza um processo de reordenamento global, em que os Estados Unidos buscam um processo de reindustrialização e renacionalização de suas cadeias produtivas. Na contramão do processo anterior, em que o país ampliou o seu papel de centro financeiro. Enquanto terceirizava os parques industriais para outras localidades do mundo, especialmente na Ásia.


Para alcançar essa reindustrialização, Trump precisa realizar um duplo movimento. Precisa, primeiramente, aniquilar toda e qualquer barreira ambiental à extração de recursos naturais. Junto a isso, precisa diminuir o papel de mecanismos de conformação internacional, como a ONU e União Europeia, a fim de estabelecer as tarifas reguladoras de sua balança comercial da forma que lhe seja mais conveniente.


Esse movimento duplo torna, também duplamente, o mundo mais perigoso: por um lado por alargar a crise planetária, por outro por reacender os nacionalismos típicos do mundo anterior à Segunda Guerra Mundial. É nesse processo que Trump se aproxima do autocrata Vladimir Putin, um lacaio conservador dos oligarcas russos que almeja também o expansionismo.


Nessa mudança de posição, Trump encontra muito apoio do capital. Vemos as grandes empresas capitalistas rapidamente abandonando narrativas de ESG, adotando caminhos que secundarizem suas estratégias verdes, e os marcos da representatividade liberal – o seu antídoto cínico às opressões. As grandes empresas de tecnologia, especialmente, estão em uma forte aliança com Trump. O que se evidencia pelo perigoso papel que Elon Musk desempenha dentro do governo e pela mudança de posicionamento de Mark Zuckerberg, proprietário da Meta.


Sabemos que esse movimento de reindustrialização, que acirra a polarização entre os Estados Unidos e a China, não virá sem custos para os países da periferia. Junto a ele surge, também, uma expansão do extrativismo, uma ampliação dantesca da exploração dos países pobres em busca de recursos naturais.


Nosso país, nesse sentido, é alvo do imperialismo estadunidense, da sanha chinesa por recursos, e até mesmo das, supostamente, progressistas social-democracias escandinavas, que exploram, e muito, a nossa natureza.


No epicentro da crise climática, sendo o país com a maior biodiversidade e com a maior floresta tropical do mundo, a classe trabalhadora brasileira sofre com a piora em suas condições de vida, com a combinação entre a piora nas condições naturais e sociais.


É nesse contexto que o Manifesto Ecossocialista, aprovado pela direção da Quarta Internacional e discutido no Congresso Mundial em fevereiro neste ano, apresenta a formulação do decrescimento global no contexto de um desenvolvimento desigual e combinado que merece holofotes em nossas táticas por apontar saídas para barrarmos o caos climático. No estágio atual do capitalismo e da degradação crescente do planeta, não bastará enumerar e criticar os negacionismos climáticos.  É preciso imprimir nas mais diversas táticas e intervenções a base do programa de transição ecossocialista incorporando mediações das particularidades sócio-históricas e experiências organizativas do Brasil e da América latina. É hora de propor e construir o que querem os ecossocialistas para educação, para saúde, para o trabalho e para economia.


Quem cede a vez não quer vitória: são tempos de enfrentar a ordem para garantir um amanhã


A importante derrota de Jair Bolsonaro, que foi conquistada com a participação de organizações socialistas e revolucionárias, levou à ascensão, novamente, de Lula e do PT à Presidência da República, cheios de promessas de melhora na vida material da população. Entretanto, o que testemunhamos é um governo refém da burguesia, do Centrão e dos interesses conservadores que impedem o avançar das pautas mais caras às pessoas que sofrem com a exploração e com a opressão.


O governo iniciou sua jornada cedendo às pressões do neoliberalismo, com a implementação do Novo Arcabouço Fiscal, um redesenho tosco do Teto de Gastos de Michel Temer e Henrique Meirelles. Sua implementação gerou exatamente os efeitos que imaginávamos: uma amarração dos investimentos públicos e recorrentes contingenciamentos em serviços que garantem direitos à população. Juntamente a isso, o governo não enfrenta a sanha especulatória do agronegócio, responsável direta pelo encarecimento no preço dos alimentos, que já mina a popularidade do governo e hipertrofia as narrativas de extrema-direita.


Nessa toada, talvez uma das situações mais graves seja a exploração de petróleo na foz do Amazonas, a chamada Margem Equatorial, localizada na costa do Amapá. Assumindo uma postura abertamente negacionista e descredibilizando os pareceres dos técnicos do Ibama, o governo arma pressões públicas para que a exploração seja liberada, em nome, supostamente, do desenvolvimento regional. É extremamente irônico que esse processo esteja ocorrendo bem no ano em que o Brasil – a Amazônia – sediará a COP/30, em Belém (PA).


Nem mesmo a “defesa da democracia”, mote unificador da eleição de Lula em 2022, uma resposta ao golpismo bolsonarista, avança de maneira adequada. Vale lembrar que o governo vetou menções críticas ao golpe de 1964 no ano passado, 2024, quando este completava 60 anos. O vácuo foi ocupado pelos militares, que utilizaram a data para festejar a sua tão amada “Revolução Redentora”. Um escárnio para um governo que se apresenta como a alternativa democrática para o Brasil atual.


Claro que o mar de contradições do petismo não é novidade do período recente. Os governos  anteriores de Lula e Dilma Rousseff foram permeados por vários processos que atingiram negativamente a classe trabalhadora, que fortaleceram setores da burguesia e que fragilizaram o quadro ecológico do Brasil.


Foi implementada uma estratégia de conciliação de classes, em que o petismo amansava as lutas sociais, subtraindo muito de sua radicalidade, promovia a manutenção dos pilares do projeto neoliberal do Brasil e, em contrapartida, garantia algumas melhoras materiais na vida de setores da classe trabalhadora.


Essas melhorias se davam através de pequenas entregas às pessoas exploradas e oprimidas, na forma de políticas públicas. Ocupando uma parte muito pequena do orçamento – minúscula se comparada ao que é pago aos rentistas nos aportes da dívida pública –, essas políticas garantiram algumas mudanças nas condições de vida dos setores mais pobres da classe trabalhadora. Parte da popularidade do lulismo se dá por estas políticas.


No entanto, a política conciliatória, também gera efeitos negativos de longo prazo, com o endividamento massivo da população em razão de políticas sociais baseadas essencialmente no fornecimento de créditos. A lógica do acesso a crédito como ferramenta de emancipação, inclusive, ultrapassou o consumo, no projeto petista de conciliação de classes, atingindo a própria educação, em decorrência das políticas de mercantilização do ensino.


Nós, setores revolucionários, acreditamos que as políticas conciliatórias têm limites claros – e isso se comprovou no processo de crise do petismo que culminou na deposição golpista de Dilma Rousseff. Quando a conjuntura força o cinto a ser apertado, é a classe trabalhadora a sacrificada.


O que vemos agora é que a aposta de Lula e do PT nesta mesma conciliação não tem conseguido, sequer, entregar os resultados limitados do passado. A conjuntura agora é outra, por alguns fatores.


Primeiro pela autonomia formal do Banco Central, aprovada pelo bolsonarismo em 2021, que mina qualquer controle do governo sobre a política monetária. Embora, é importante frisar, o petismo sempre tenha garantido a manutenção de políticas ortodoxas quanto à moeda e os juros em suas administrações, mesmo sem que essa autonomia fosse implementada. Essas políticas, na prática, significam priorizar a segurança dos títulos de dívida para os rentistas em detrimento de políticas que garantam emprego e comida para a classe trabalhadora. O segundo ponto é a nova relação entre o Congresso e o Poder Executivo. Com o estabelecimento das emendas impositivas ao orçamento por parte do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o Congresso ampliou os seus poderes e tem agora menos interesse e necessidade de formar coalizões com o governo. E, por último e mais importante, a crise do capital impõe processos irreversíveis que o governo não consegue mitigar com suas políticas públicas limitadíssimas. O tempo de alguma viabilidade para as conciliações se foi.


A educação que temos e a que queremos


O primeiro ciclo petista, abertamente priorizou políticas como o Fies, enquanto mecanismo de inserção da classe trabalhadora no ensino, em detrimento de um projeto estruturado de inserção da classe na educação superior pública.


Ao fazê-lo, impôs severas dívidas à juventude, já pauperizada, e uma necessidade de se inserir no mercado de trabalho o mais rápido possível, após a graduação.


A predileção petista pelo fomento do ensino privado, concedendo à juventude trabalhadora um “voucher” de acesso ao ensino superior, teve como faceta o endividamento. Mas, também, refletiu o alinhamento do governo com as políticas educacionais do Capital internacional, especialmente do Banco Mundial, de formação de uma mão-de-obra qualificada.


Ou seja, a educação sai de seu papel emancipatório e passa a ocupar um lugar de qualificação da mão de obra com objetivo de atender as demandas do Capital. Se a produção precisa de 1000 engenheiros, as universidades privadas receberam investimento para formar esses 1000 engenheiros. Sem prioridade na emancipação dos sujeitos em sua subjetividade humana.


A educação, nesses moldes, então, ocupou (e ocupa) papel central e estruturante no projeto de conciliação de classes. Na medida em que, além de destinar intensos investimentos ao ensino privado, tendo sido responsável direto pela criação do maior conglomerado educacional do mundo, a Kroton-Anhanguera. Mas, também, concede, de forma distorcida, o sonho do ensino superior à classe trabalhadora. Distorcido porque não emancipa e os tornou dependente dos interesses do capital. Basta ver que, findo o interesse em mão-de-obra qualificada, os engenheiros viraram Uber, alugando a ferramenta de sua própria exploração para laborar em jornadas que, em horas, se equiparam à revolução industrial.


O segundo ciclo petista promete retomada de investimentos, subordinada ao dracônico arcabouço fiscal, mas, até o momento, entrega novos vouchers, sem incidir nas questões estruturais do ensino. Há aumento de bolsas e auxílios, mas sem garantias trabalhistas e previdenciárias que possibilitem a dedicação exclusiva à pesquisa. Há promessas de construção de novas universidades, em retomada do casamento petista-indústria da construção civil. Mas as universidades que já existem seguem precarizadas, sem adaptações climáticas ou planejamento de conforto térmico.


A dita expansão prometida, inclusive, se opera sem qualquer diálogo com a comunidade diretamente afetada. Não se vê a participação de docentes, técnicos e estudantes na formulação da política. Não seria de se surpreender um novo Reuni ao modelo do primeiro: com pessoas tendo em aulas em contêineres e sendo contabilizadas como “novos campi construídos”.


Uma falta de debate que se expressa na crescente virtualização do ensino, em todas as esferas. Um pacto de precarização do ensino que o petismo, mais uma vez, trava com os interesses do Capital. Sem que seu projeto dê solução às altas taxas de evasão (expulsão) ou na decrescente procura pelo vestibular.


A construção conciliatória não dá conta do ataque neoliberal à juventude e a investida de valores como o “empreendedorismo" e lógicas de exploração plataformizada.


Em um cenário de crise climática, a educação é mais fundamental do que nunca. Só por meio de uma ciência, comprometida com a classe trabalhadora e com a proteção da vida no planeta, é que temos chances de superar o maior desafio de nossa espécie, que se avizinha no horizonte.


A universidade precisa ser um espaço de resistência ao extrativismo e a toda e qualquer lógica de destruição do planeta. Um local de articulação de um projeto alternativo de sociedade, pautado na superação da ruptura metabólica.


A defesa da universidade pública enquanto esse lugar demanda um movimento estudantil forte e mobilizado. O campo da oposição de esquerda precisa, mais que nunca, retomar seus debates históricos de modelo educacional e fazer um movimento de retorno às bases que fundamentaram sua articulação: o combate à uma educação mercantilizada e construída para fortalecer os interesses do Capital.


Arrancar as mordaças e organizar as lutas


Em meio a essa crise global que não pode ser solucionada por meio do capitalismo, vivemos um drástico aprofundamento do sofrimento para a população brasileira, com a nossa classe experienciando cotidianamente condições sub humanas de existência. Não se tem garantia de alimentação, moradia, saúde, educação ou segurança.


As condições de trabalho para a juventude manifesta sua pior face operando pela lógica da divisão internacional do trabalho num cenário de terra arrasada que aloca pessoas jovens em condições de empregabilidade cada vez mais precárias. Se a pressão do exército industrial de reserva já exercia sobre nós a necessidade de aceitação dos mais frágeis vínculos de trabalho, hoje, a uberização, a pejotização e a terceirização, são formas legais que aprofundam a piora das condições materiais de subsistência. No Brasil, enquanto país da periferia do capital que carrega o traço da superexploração do trabalho, assume níveis ainda mais complexos e profundos dessa precarização.


Diante dessas múltiplas experiências traumáticas, não por acaso, vivemos um aprofundamento da violência provocada pelo Estado e as organizações criminais adjacentes. Compreender o uso do Estado penal como forma predominante de controle social, sobretudo num cenário de crise, está no centro de nossas tarefas, inclusive para compreender a ascensão do bolsonarismo nos últimos anos. Para que chegássemos na atual conjuntura, foi necessária uma consolidação do protagonismo militar na política nacional, bem como o avanço de um arcabouço jurídico-normativo que os protegesse de qualquer responsabilização por seus atos. O que inclui, desde as Forças Armadas, essenciais para a tentativa de golpe que vivemos no 8 de Janeiro, até a Polícia Militar, a instituição que exerce diretamente o controle repressivo e o extermínio da população negra e trabalhadora.


É verdade que esse cenário remonta não inaugura uma tendência do capital e remonta às origens do nosso sofrimento enquanto população, tendo em vista que a repressão violenta contra nossas revoltas faz parte da conformação da sociedade brasileira desde a escravização colonial. Por outro, não é irrelevante compreender as nuances e o conjunto de atualizações e avanços tecnológicos da intervenção do Estado penal. Para que o aumento do aparato de (in)segurança pública seja possível e os braços de atuação do Estado policialesco estejam cada vez mais ramificados por meio da milicianização de territórios, é cotidianamente necessário para a burguesia que a grande mídia explore o sentimento de insegurança que a classe trabalhadora cotidianamente. Alimentar, por exemplo, a ideia de que a fonte dessa insegurança está no tráfico de drogas, quando sabemos que é a sua legalização que de fato superaria esse cenário. Esse é um dos principais mecanismos para garantir a perpetuação da imagem de que “os criminosos representam a maior ameaça contra nós e são nossos verdadeiros inimigos”, dos mesmos criadores de “as drogas são o grande mal dos nossos tempos”. É a partir desse discurso hegemônico que vemos o avanço de políticas vigilantistas, como a implementada no estado de São Paulo com o Muralha Paulista de Tarcísio, que, por meio de tecnologias racistas de reconhecimento, tem o objetivo de prender mais e mais pessoas.


A juventude negra brasileira é alvo direto e prioritário nesta lógica que convive com a criminalização em diversas dimensões do seu modo de ser, convivendo com o desemprego, o encarceramento massivo e um genocídio em curso. As artimanhas racistas do Estado penal faz a gestão do medo na juventude buscando assegurar o seu controle social.


Em meio às chacinas e torturas dentro do superlotado sistema prisional brasileiro, qualquer tentativa de controle das forças policiais tem sido perseguida pela extrema direita. É o caso da ADPF das Favelas, uma das principais ações judiciais relacionadas ao sistema de justiça criminal e segurança pública da atualidade, que tramita no Supremo Tribunal Federal, e busca controlar a polícia do Rio de Janeiro, exigindo que cumpra diretrizes básicas como não atirar em escolas ou tornar públicos os protocolos de uso da força e armamento pesado. Ainda que não trate de qualquer reforma na polícia ou algo mais estrutural, a ADPF tem sido alvo de fake news e perseguição por bolsonaristas, que crescem como quadros políticos a partir de discursos fortemente populistas penais.


Diante desse revoltante quadro, em que nosso futuro está sendo exterminado junto com a destruição do Planeta e as possibilidades de existência no presente são alvos de perseguição do Estado penal, é  papel da juventude construir seus próprios discursos, suas próprias táticas, suas próprias linhas de ação, com independência frente aos que gerem a burocracia estatal.


Os setores petistas não estão demonstrando comprometimento com o efetivo combate à realidade posta e com o cumprimento dos desafios colocados para nossa geração. Enquanto se espera posturas mais contundentes do governo, que não emite qualquer sinal de que um dia virão a existir, o fascismo cresce, ocupando o imaginário da classe trabalhadora com suas falsas soluções. Se queremos verdadeiramente impedir o retorno do fascismo, não devemos oferecer como resposta a “defesa de tudo o que há”, como o petismo tem feito. O que está posto não nos serve. Precisamos ser os organizadores da radicalidade e alçar voos maiores.


Esta é a tarefa que a conjuntura, cada vez mais perigosa e acirrada, nos impõe. Os tempos de paz e conciliação não irão voltar, e nem mesmo esse passado era tão pacífico assim. Os nossos estão morrendo de calor, de frio, de fome e nas mãos da polícia. Lutamos por ecossocialismo, porque não queremos a barbárie. E nunca a vimos tão de perto, tão estrondosa em seus sinais. Precisamos encará-la com coragem, organizar a luta e, a despeito do que nos diz esse sistema, dar o sentido de que vale a pena lutar para construir um mundo novo, de que vale a pena lutar pela vida.


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