É nas ruas que se combate a extrema-direita
- Coordenação Nacional da Rebelião Ecossocialista
- 1 de abr.
- 4 min de leitura
“Defendam-se, resistam contra o fascismo aqui no nosso país. Ás barricadas! Às barricadas!”. Essa era a letra da música que centenas de milhares de pessoas cantavam em Berlim, capital da Alemanha, em um ato antifascista no início de fevereiro. O chamado começa a ser ouvido pelos povos do mundo e devemos estar atentos.
Nos Estados Unidos, ainda não existe uma grande mobilização organizada contra Donald Trump e seu guru, Elon Musk. Mesmo assim, a dupla de tiranos anda preocupada. Carros da Tesla, empresa de Musk, estão sendo queimados por todo o país, e o exemplo foi seguido até na Europa. Os protestos chegaram a afetar economicamente a empresa do homem mais rico do mundo, que perdeu alguns bilhões de dólares.
Isto se soma à solidariedade ao estudante Mahmoud Khalil, preso por protestar contra o massacre do povo palestino nos Estados Unidos. Também se soma à turnê de comícios organizada por Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, que tem atraído milhares de pessoas em várias partes do país. O governo que expulsa imigrantes e ataca a diversidade não vai impor sua agenda sem resistência.
Em Israel, há protestos contra a política insana de Benjamin Netanyahu, que segue com o massacre de palestinos. Na Argentina, o governo “moto-serra” de Javier Milei enfrenta protestos. Agora em março, aposentados e torcidas organizadas se uniram contra o presidente do país. Na Turquia, manifestantes foram às ruas contra o governo neofascista de Erdogan.
Não podemos chegar ainda à conclusão de que a situação mundial mudou. De fato, o planeta está tomado por governos autoritários, alguns de caráter neofacista. Mas estamos bem longe de um “inverno glacial” sem mobilização popular. Na Coréia do Sul, o presidente de extrema-direita tentou dar um golpe, foi afastado pela força das ruas, conseguiu reagir ,e o destino do país é incerto. Na Sérvia, centenas de milhares protestaram contra o governo depois da morte de 15 pessoas em uma estação de trem. Esses são exemplos de que o mundo hoje é um lugar instável e imprevisível. E, muitas vezes, as ruas se tornam a grande arena de batalha onde a situação é decidida.
Aqui no Brasil, seguimos em um período em que há menos agitação nas ruas, mas o clima ainda é tenso. Bolsonaro tentou reagir com um ato em sua defesa e o resultado foi um fracasso. Ele esperava um milhão de pessoas e menos de 20 mil saíram de casa para defender o ex-presidente. Agora ele é réu e vai ter dificuldades para fugir da punição por seus crimes.
A esquerda também fez um ato no último domingo pedindo punição a Bolsonaro. O público foi modesto, mas a iniciativa foi importante para mostrar que também tem gente disposta a sair de casa contra a extrema-direita. É certo que não podemos confiar apenas no funcionamento das instituições. A Justiça brasileira só prendeu os mandantes do assassinato de Marielle Franco depois de muita pressão popular. Com o genocida, vai ser a mesma coisa.
Estamos longe de um grande levante popular em nosso país. Não podemos pecar pelo excesso de otimismo. Mas quem diz que os trabalhadores brasileiros estão em estado de paralisia comete um erro. O excesso de pessimismo também pode ser fatal. Temos pela frente uma série de mobilizações regionais e setoriais importantes.
Os entregadores de aplicativos fizeram no início desse mês um breque nacional contra a exploração das empresas. A mobilização deve continuar nas próximas semanas. A partir do dia 7 de abril, o movimento indígena toma a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no acampamento Terra Livre. Para o dia 25 de abril, os professores do estado de São Paulo marcaram greve contra os ataques à educação promovidos pelo governador Tarcísio de Freitas. O movimento Vida Além do Trabalho (VAT) convocou os trabalhadores do Brasil a irem às ruas no dia 1º de maio e a ficarem em casa no dia 2. O objetivo é pressionar o Congresso a mudar a Constituição para que sejam proibidas jornadas de trabalho desumanas, como a escala 6x1.
E o calendário de lutas vai além. Há várias mobilizações previstas para as próximas semanas, como paradas LGBTs e marchas da maconha. Em novembro, a COP 30, reunião de líderes mundiais sobre mudanças climáticas, será realizada em Belém do Pará. Os movimentos sociais vão para a região amazônica cobrar por medidas para impedir que os mais pobres sofram por causa da destruição ambiental.
A capital paraense já protagonizou uma vitoriosa mobilização em janeiro desse ano. O governo do estado foi obrigado a revogar uma lei que iria precarizar o ensino. Isso foi fruto de uma ocupação de 30 dias da secretaria de educação liderada pelo movimento indígena e de uma greve de professores.
O governo Lula derrapa na popularidade e os preços dos alimentos aumentam. Isso certamente leva a uma disputa de narrativas sobre qual é a saída. A burguesia vai fazer de tudo para preservar seus lucros, impor sua visão de mundo e derrotar as mobilizações populares. O neofascismo é uma de suas armas. A aposta dos ecossocialistas deve nas mobilizações dos povos. Temos um calendário de atos e greves pela frente, vamos nos dedicar a ele.
Seja a marcha antifascista em Berlim, seja o protesto indígena em Belém do Pará, cada luta faz toda a nossa classe avançar em consciência e organização. Às barricadas!
Comments